Belarmina Nuvunga
Brand & Marketing Manager, Events, CSI & Sponsorship. Currently Member of Management Committee at Standard Bank
A relação entre a inteligência artificial e o mercado de trabalho feminino é complexa. Estudos indicam que 79% das mulheres trabalhadoras (quase 59 milhões) estão em ocupações susceptíveis à automação, enquanto apenas 58% dos homens enfrentam riscos semelhantes. Na Bolívia, 30% das mulheres correm alto risco de ter os seus empregos automatizados, em comparação com 10% dos homens.
Por outro lado, essa transformação traz novas oportunidades. A automação impulsionada pela IA não apenas redefine funções, mas também cria demanda por habilidades inovadoras.
Segundo a pesquisa do World Economic Forum, 50% das empresas entrevistadas acreditam que a IA criará empregos e oportunidades, enquanto apenas 25% defendem a tese de que haverá mais perdas do que ganhos.
Benefícios e Riscos da IA para Líderes Femininas
Benefícios:
- A IA permite que as líderes optimizem o tempo em suas demandas, criando mais disponibilidade para o aperfeiçoamento na carreira;
- Ferramentas de IA têm sido utilizadas para optimizar processos, automatizar relatórios e personalizar apresentações;
- 74% das pessoas percebem o aumento da liderança feminina como fundamental para garantir que os benefícios económicos da IA sejam distribuídos equitativamente.
Riscos:
- As mulheres representam apenas 29% dos cargos de P&D em ciências globalmente;
- Apenas 35% das mulheres utilizam inteligência artificial no dia-a-dia, contra 54% dos homens;
- A falta de diversidade nas equipas de desenvolvimento pode perpetuar preconceitos em áreas críticas.
Além disso, as mulheres líderes estão a construir empresas de inteligência artificial para transformar a saúde, prever desastres naturais, criar sistemas alimentares sustentáveis e enfrentar problemas que a própria IA causa. O resultado é que, quando os seus casos de uso são abraçados e financiados, resolvem problemas e demonstram os benefícios da tecnologia.
Para prosperar neste cenário, é fundamental que as líderes femininas desenvolvam habilidades não automatizáveis, como empatia, colaboração, criatividade e liderança – competências que as máquinas ainda não conseguem replicar.
Desafios Específicos para Mulheres Líderes na Era Digital
Quando observamos a presença feminina no mercado de tecnologia, os dados revelam uma realidade desafiadora. Em países desenvolvidos como os da América Latina, as mulheres representam menos de 20% do total de cargos relacionados à área. No âmbito gerencial, elas ocupam apenas 31,3% das posições, enquanto homens ocupam 68,7%. Em cargos de presidência ou direcção, a disparidade é ainda maior: 13,6% mulheres versus 86,4% homens.
De acordo com relatórios especializados, 56% das mulheres na área de TI deixam os seus empregos quando chegam ao auge da carreira. Isso ocorre devido a múltiplos factores, incluindo ambiente predominantemente masculino, dificuldades em equilibrar responsabilidades profissionais e familiares, além do constante desafio de provar competência e qualificação.
Apesar desses obstáculos, o movimento crescente de consciencialização e iniciativas para promover a diversidade estão a ganhar força. Empresas que investem em liderança feminina frequentemente demonstram melhor avaliação de riscos e tomada de decisões mais eficazes em ambientes empresariais instáveis, apontando para um futuro onde a inteligência artificial pode servir como equalizadora no ambiente corporativo.