Por Yud Costa
Vivemos num tempo em que a informação circula de forma intensa. Todos os dias somos expostos a dados, números, comunicados e campanhas que disputam a nossa atenção. Mas, no meio desse excesso, o que realmente fica gravado na memória não são os factos soltos, mas sim as histórias.
Nas Relações Públicas, o storytelling tornou-se um recurso essencial para criar proximidade e estabelecer laços duradouros entre organizações e os seus públicos. Mais do que transmitir mensagens, trata-se de dar vida a essas mensagens, colocando emoção, contexto e propósito em cada comunicação.
Uma história bem contada segue uma estrutura que nos acompanha desde os tempos das fogueiras e dos contos transmitidos de geração em geração:
- Personagem: alguém ou algo com quem o público se identifica.
- Conflito: a situação que desperta interesse, que gera curiosidade e prende a atenção.
- Transformação: a resolução ou mudança que traz esperança, aprendizagem ou inspiração.
Quando uma instituição, uma marca ou até uma pessoa aplica estes elementos na comunicação, a mensagem deixa de ser apenas informativa. Ela passa a ser memorável.
Em Moçambique, o storytelling não é uma novidade. Faz parte da nossa identidade cultural. As histórias contadas pelos mais velhos nas comunidades, os provérbios que transportam sabedoria e os contos que atravessam gerações são exemplos vivos de como a narrativa sempre teve o poder de educar, inspirar e unir pessoas.
A grande oportunidade para os profissionais de Relações Públicas está em reconhecer esse património cultural e integrá-lo nas estratégias modernas de comunicação. Em vez de copiar modelos externos, podemos valorizar a nossa tradição oral como base para campanhas autênticas, próximas e relevantes.
O storytelling em Relações Públicas não é apenas uma técnica criativa; é uma estratégia de influência. Uma empresa que comunica a sua responsabilidade social através de histórias reais de impacto consegue aproximar-se das comunidades. Uma instituição pública que explica políticas ou projectos através de narrativas acessíveis torna a sua mensagem mais clara e envolvente.
No fim, a grande questão para nós, profissionais da comunicação, talvez seja esta: Estamos apenas a comunicar factos ou estamos a contar histórias que inspiram, educam e transformam?